top of page

A PÁTINA DO TEMPO

Atualizado: 6 de fev.

A pátina do tempo é uma expressão metafórica que descreve o efeito do envelhecimento e do desgaste em objetos, estruturas e até mesmo nas pessoas. Ela se refere ao processo natural pelo qual algo se altera ao longo do tempo por diversos, sendo um dos principais a exposição prolongada no ambiente, o uso frequente e a passagem do tempo.

A pátina resulta em alterações na aparência e na condição física do objeto ou da superfície. Por exemplo, quando um objeto metálico, sem as devidas proteções, e exposto à umidade, ao oxigênio e interações com outros elementos, desenvolve inicialmente uma camada de oxidação lhe confere uma aparência envelhecida, de ancianidade. Esse tipo de pátina é frequentemente visto em estátuas de bronze, peças de móveis antigos, estruturas metálicas. A pátina nas edificações e nos componentes construtivos e artísticos integrados ou aplicados nas edificações manifesta-se também nas pinturas, onde as cores desbotam e sem os devidos cuidados podem deteriorar-se com o passar do tempo ou intensificação de ações e contaminações deletérias.


Em 2008, o CECI - Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada estudo ou tema através do professores Sílvio Mendes Zancheti, Aline de Figueirôa Silva, Flaviana Barreto Lira, Anna Caroline Braga e Fabiana Gonçalves Gameiro, cujo artigo encontra-se disponível neste site na aba de Textos para Discussão, (vol. 31). Em resumo o texto aborda:

... traça uma evolução do conceito, desde o plano físico-químico, sendo a pátina tanto uma ação quanto um efeito causado nas tintas e metais, até uma abordagem crítica, uma vez que a pátina resulta em alterações do objeto, cujo tratamento estará condicionado aos valores que este agrega. A segunda parte propõe uma ampliação do conceito, chegando-se ao entendimento de que a pátina se manifesta na cidade em duas dimensões – a físico material e a imaterial – e em duas escalas – da cidade e do lugar. Finalmente, a terceira parte discute as possibilidades de tratamento da pátina nos processos de revitalização urbana, a partir das noções de permanência e transformação, ações contínuas e ações episódicas. Chega-se ao entendimento de que em função da capacidade de regeneração da pátina, é imprescindível que as ações de revitalização e reabilitação urbana a considerem, buscando equilibrar as modificações. Por isso, ao se intervir em áreas antigas, cuja pátina torna-se parte inerente de sua identidade, deve-se tentar graduar no tempo as transformações, inevitáveis aos usos contemporâneos, de modo que a pátina possa se regenerar nas superfícies antigas e surgir na superfície dos novos elementos. de permanência e transformação, ações contínuas e ações episódicas.


No âmbito das edificações nem todos os profissionais têm mantido a pátina, pelo contrário, a ideia de se deixar o edifício histórico velhinho em folha, isto é, com o aspecto de novo, recém-construído, vem atender uma rejeição de tudo que venha expressar o Velho, o Decrépito. A percepção do observador transeunte pelas ruas de cidade histórica no Brasil é de um cenário semelhante aos produzidos pelo PROJAC - Projeto Jacarepaguá, como é conhecido a Central Globo de Produções da Rede Globo de Televisão.


Entretanto, o profissional conservador e restaurador experiente acautela-se quando distingue uma pátina do tempo de uma manifestação de danos. Essa observação é importante porque ocasionalmente pode ocorrer de se exigir a manutenção de um agente daninho confundindo-o com uma pátina. Cito o exemplo das infestações de algas e outros microrganismos nas cantarias de pedra carbonáticas, como as calcárias que compõem a Fonte de São Francisco no antigo Convento Franciscano da cidade de João Pessoa. Lá, a presença e a proximidade com os mangues, o mar e matas propiciam um incessante acometimento de algas, que de tonalidade esverdeada como um lodo logo escurece enegrecendo como uma crosta negra. As ações prologadas desses microrganismos causam danos ao bem sejam pela impregnação nos poros da rocha, maculando na tonalidade da pedra seja pela corrosão superficial pois, afinal, esses "bichinhos" se alimentam dos minerais existentes na pedra. As imagens a seguir exemplificam essa nossa assertiva, quando após uma limpeza na década de 1990 deixou à mostra nas cantarias as ações deletéria das algas, denunciando o dano de alteração cromática.


Fonte de São Francisco no antigo Convento Franciscano da cidade de João Pessoa.

Fonte de São Francisco no antigo Convento Franciscano da cidade de João Pessoa.

Fonte de São Francisco no antigo Convento Franciscano da cidade de João Pessoa.


192 visualizações1 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page