Mão-de-amigo e Grampo
O CECI lança mais um volume da série Boas Práticas da Gestão do Restauro com o tema sambladuras para próteses em componentes construtivos de madeira: "mão-de-amigo" e "grampo".
Samblagem ou sambladura, nos ofícios da carpintaria e da marcenaria, é a técnica de recortes e entalhes para junção ou encaixe de duas peças. Pode ser simples como a meia-madeira ou com complexa como as uniões japonesas. É comum se fazer confusão na aplicação do termo prótese, confundindo-o com enxerto. A distinção entre ambos os termos é que o primeiro é parte de um processo de consolidação de um componente construtivo e visa restabelecer a sua funcionalidade; diferentemente, o enxerto é parte de um processo de preenchimento de lacunas e visa apenas resgatar sua aparência estética.
Para cada tipo de esforço há uma sambladura apropriada para a aplicação de uma prótese. Nos telhados, os casos mais comuns de deterioração ocorrem nos trechos em contato com as alvenarias, nas articulações das tesouras, nas linhas da cumeeira. O tipo de samblagem é importante para garantir a estabilidade da peça a partir das linhas de forças existentes. Qualquer encaixe que se conflite ou altere as linhas de tensões ou que seja executado com falhas provocará o colapso da peça que se quer preservar. Esse fato corriqueiro, seja pela perda de expertise dos carpinas-marceneiros ou de engenheiros calculistas especialistas em estruturas históricas, induziu à perda de credibilidade das próteses de madeira.
Há experiências exitosas do uso de próteses aplicados em pernas de tesouras, linhas de cumeeiras, terças e frechais, barrotes ou mourões de assoalhos sem que se tenham aplicadas ferragens e adesivos – apenas a pressão da prótese de madeira é suficiente para a garantia da resistência e da estabilidade. Evidentemente que, conforme níveis de degradação da peça, a extensão dos danos e o aumento de cargas são necessários as associações com pinos, chapas, resinas e outros elementos para o reforço da prótese.
Baixe a edição n. 03 da ficha técnica de boas práticas do Curso de Gestão de Restauro e bom trabalho.
Jorge Eduardo Lucena Tinoco, arquiteto